domingo, 20 de abril de 2014

O Médico como Formador em Contexto Online

Temática #1 e Atividade 2 de PPEL7

Mario G. Lopes, #1300991 MPeL7

1 - O aumento da esperança média de vida em Portugal já ultrapassa os 80 anos de idade, pelo que atualmente há meio milhão de portugueses com ≥de 80 anos e dois milhões com pelo menos 65 anos de idade.

2 - As doenças cardiovasculares (DCV) são, em regra, doenças crónicas evolutivas com elevada prevalência nomeadamente entre os seniores (≥65 anos) e dispõem de variadas Janelas Terapêuticas que os doentes devem conhecer para poderem ajudar no controlo das suas patologias.

3 - Apesar de cada doente ser uma identidade clínica própria, específica e individual, há conceitos gerais que são essenciais para a Educação na Doença e que devemos divulgar.

4 - As novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) constituem ferramentas que permitem disseminar esse conhecimento em versões atrativas (por ex. em multimédia) e a custos razoáveis. Permitem ainda a personalização do conhecimento a enviar ao doente por cada médico-assistente desse mesmo doente. Por outro lado a desmaterialização do meio de comunicação permite um acesso global em qualquer momento (deixando de haver a questão: "onde é que guardaste aquelas indicações do nosso médico?”).

5 - De facto há informações (que são gerais) que se podem partilhar e publicar na Web. Outras que fazem parte da relação médico-doente que são privados e confidenciais. Neste último caso a partilha não deve/não pode ser realizada de forma aberta.

6 - O conhecimento essencial de cada doença (a que podemos designar como Conhecimento Operativo) deve estar acessível em linguagem e em comunicação não-verbal que sejam entendidas (e absorvidas) pelo doente e suas famílias.

7 – Cada médico (e enfermeiro e restante equipa de saúde) deve ter uma estratégia própria de comunicação com cada doente individual a propósito da(s) doença(s) que atinjam esse doente em concreto. Deve ser capaz de lhe explicar em termos que entenda as alternativas diagnosticas e terapêuticas que se colocam, bem como o prognóstico ou seja a quantidade e qualidade de vida que seja possível definir para o futuro.

8) Cada doente deve, sempre que possível, ser informado de forma apropriada da sua situação clínica de forma que possa dar o seu Consentimento Informado e Esclarecido às várias opções que lhe sejam oferecidas.

9) O conhecimento que se pretende coligir e publicar em formato digital será aberto (REA / OER) com código CC.

10) Por outro lado a literacidade digital dos doentes é, em regra, muito baixo, pelo que os recursos da Web 2.0 que sejam escolhidos tem de ser de simples aprendizagem, eventualmente com a ajuda da família ou estruturas de tipo ONG sem fins lucrativos ou ainda inseridas no SNS.

11) É pois necessário:

a – Escolher as ferramentas Web 2.0 mais apropriadas;

b – Escolher os conteúdos da Informação Médica a divulgar e a ordem da sua publicação;

c  – Devemos testar em populações –piloto, quer de pessoas aparentemente sãos (não-doentes) quer em doentes. Nestes grupos ter uma particular atenção à idade e à literacidade digital de cada doente (e de suas famílias);

d – Criar um mecanismo de retroacção que permita corrigir os erros e os insucessos encontrados, escolhendo as melhores opções.

e – Por fim (last but not the least) que métodos pedagógicos para esta aprendizagem-ensino online? 




quarta-feira, 26 de março de 2014

Bibliografia anotada sobre Pedagogia do eLearning e o Papel do Professor Online


Universidade Aberta - MPeL7

UC de Processos Pedagógicos em eLearning.

 

Tarefa 1 - Bibliografia anotada sobre
Pedagogia do eLearning e o Papel do Professor Online (2 itens)

 

Índice

Item #1 – O papel do Professor Online na formação da Equipa de Saúde, dos Doentes e seus Familiares
bem como na transição do Ensino Tradicional para o Blended-Learning……………………………………………Pág. 1

Item #2 – Como Implementar o Professor Online na área da Medicina 2.0…………………………………….......Pág. 5

 

Item #1 – O papel do Professor Online na formação da Equipa de Saúde, dos Doentes e seus Familiares bem como na transição do Ensino Tradicional para o Blended-Learning

 

1 - Cook, D. A. (2007). Web-based learning: pros, cons and controversies. Clin Med., 7, 37-42.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17348573

Abstract: Advantages of web-based learning (WBL) in medical education include overcoming barriers of distance and time, economies of scale, and novel instructional methods, while disadvantages include social isolation, up-front costs, and technical problems. Web-based learning is purported to facilitate individualised instruction, but this is currently more vision than reality. More importantly, many WBL instructional designs fail to incorporate principles of effective learning, and WBL is often used for the wrong reasons (e.g., for the sake of technology). Rather than trying to decide whether WBL is superior to or equivalent to other instructional media (research addressing this question will always be confounded), we should accept it as a potentially powerful instructional tool, and focus on learning when and how to use it. Educators should recognise that high fidelity, multimedia, simulations, and even WBL itself will not always be necessary to effectively facilitate learning

Comentário: neste artigo acentua-se a importância da estratégia pedagógica a utilizar na aplicação do elearning na área da medicina.

 

2 - Carbonaro, M., King S FAU - Taylor, E., Taylor E FAU - Satzinger, F., Satzinger, F. F., Snart, F. F., & Drummond, J. (2008). Integration of e-learning technologies in an interprofessional health science course. Med Teach., 30, 25-33.                                             doi: 10.1080/01421590701753450

Abstract: BACKGROUND: Advances in information and communication technology are influencing instructional formats and delivery modes for post secondary teaching and learning. AIMS: The purpose of this study was to determine whether interprofessional team process skills traditionally taught in a small group face-to-face classroom setting could be taught in a blended learning environment; without compromising the pedagogical approach and collaborative Group Investigation Model (Sharan & Sharan 1992) used in the course. METHOD: A required interprofessional team development course designed to teach health science students (Medicine, Nursing, Pharmacy, Occupational Therapy, Physical Therapy, Dentistry, Dental Hygiene, Medical Laboratory Science, and Nutrition) team process skills was redesigned from a 100% face-to-face delivery format to a blended learning format where 70% of the instruction was delivered using a new synchronous virtual classroom technology (Elluminate www.elluminate.com) in conjunction with asynchronous technology (WebCT). It was hypothesized there would be no significant difference between the blended learning format and the traditional face-to-face format in the development of interprofessional team knowledge, skills and attitudes. The two formats were evaluated on demographic information, computer experience, and interprofessional team attitudes, knowledge and skills. RESULTS: The three main findings are: (a) no significant differences between student groups on achieving team process skills, (b) an observation of differences between the groups on team dynamics, and (c) a more positive achievement of course learning objectives perceived by students in the blended learning class. CONCLUSIONS: The results provide evidence to support our blended learning format without compromising pedagogy. They also suggest that this format enhances students' perceptions of their learning.

Comentário: o acento tónico é colocado na equipa multidisciplinar necessária à implementação de um projeto de elearning em ciências médicas, que deverá ter o formato de blended-learning.

 

3 - Hadley, J., Kulier, R., Zamora, J., Coppus, S. F., Weinbrenner, S., Meyerrose, B. et al. (2010). Effectiveness of an e-learning course in evidence-based medicine for foundation (internship) training. JRSM, 103, 288-294.
http://jrsm.rsmjournals.com/content/103/7/288.abstract

Abstract: Aim To evaluate the educational effectiveness of a clinically integrated e-learning course for teaching basic evidence-based medicine (EBM) among postgraduate medical trainees compared to a traditional lecture-based course of equivalent content.Methods We conducted a cluster randomized controlled trial to compare a clinically integrated e-learning EBM course (intervention) to a lecture-based course (control) among postgraduate trainees at foundation or internship level in seven teaching hospitals in the UK West Midlands region. Knowledge gain among participants was measured with a validated instrument using multiple choice questions. Change in knowledge was compared between groups taking into account the cluster design and adjusted for covariates at baseline using generalized estimating equations (GEE) model.Results There were seven clusters involving teaching of 237 trainees (122 in the intervention and 115 in the control group). The total number of postgraduate trainees who completed the course was 88 in the intervention group and 72 in the control group. After adjusting for baseline knowledge, there was no difference in the amount of improvement in knowledge of EBM between the two groups. The adjusted post course difference between the intervention group and the control group was only 0.1 scoring points (95% CI −1.2–1.4).Conclusion An e-learning course in EBM was as effective in improving knowledge as a standard lecture-based course. The benefits of an e-learning approach need to be considered when planning EBM curricula as it allows standardization of teaching materials and is a potential cost-effective alternative to standard lecture-based teaching

Comentário: neste estudo aleatorizado e aplicado a médicos no internato foi possivel demonstrar que um curso em elearning não foi inferior ao curso presencial tradiconalmente utilizado na formação pós-graduado destes médicos. As vantagens do elearning (ministrado quando o medico tem disponibilidade sem o obrigar a deslocar a um local em dia e hora certa) tem óbvias vantajens pelo que será cada vez mais utilizado. A European Society of Cardiology já tem um sistema deste tipo destinado a todos os cardiologistas europeus em formação designado por ESCeL (European Society of Cardiology eLearning). Este projeto que tem sido liderado por um português, o Prof. Lino Gonçalves da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, está a ser utilizado, como rotina, em Portugal. Mais informações em: http://www.escardio.org/education/escel/Pages/welcome.aspx

 

4 - Newhouse, R., Buckley KM FAU - Grant, M., Grant, M. F., & Idzik, S. (2013). Reconceptualization of a doctoral EBP course from in-class to blended format: lessons learned from a successful transition. J Prof Nurs, 29, 225-32.                                doi: 10.1016/j.profnurs.2012.05.019

Abstract: In 2008, the University of Maryland School of Nursing transitioned the doctor of nursing practice core courses from an in-class to a blended (hybrid) course delivery method. As part of this transition, the evidence-based practice course was reconceptualized, implemented in its new format, and evaluated after being completed by 2 cohorts. The transition was successful because of a strong open interprofessional team, faculty training in blended course best practices, support by experts in instructional design and Web-based learning throughout the transition, and continual formative evaluation by students and faculty. The resulting course received strong positive evaluations by students and was certified by Quality Matters, indicating the incorporation of best practices in online teaching

Comentário: nesta experiência aplicada ao ensino da emfermagem o sucesso foi possivel devido a um conjunto de factores críticos como uma equipa multidisciplinar motivada, professores conhecedores do ensino a distância e uma estratégia progressiva de mudança do ensino tradicional presencial para o blended-learning.

 

5 - Masiello, I., Ramberg, R., & Lonka, K. (2005). Learning in a web-based system in medical education. Med Teach., 27, 561-563.
PMID 16261669

Abstract: New learning environments such as distance education and computer-aided instruction promise to bring a change in today's learning environments by adjusting the relationship between the learner, the educational content and the organization of education. In this study, we explored whether students' approaches to learning related to their perception of a particular virtual learning environment. Scales of the ASSIST questionnaire were loaded in a two-principal component solution, surface and deep-strategic. We found statistically significant correlations between the approaches to learning and the student's attitudes towards ICT. Early identification of approaches to learning and attitudes towards ICT may prove to be important in order to provide assistance to aid the transition of students with diverse individual characteristics and to the design of new learning environments

Comentário: a perceção (e competências) dos estudantes em EaD torna-se essencial para o sucesso da implementação deste tipo de pedagogia (ver artigo seguinte)

 

6 - Edirippulige, S., Smith AC FAU - Armfield, N., Armfield NR FAU - Bensink, M., Bensink, M. F., & Wootton, R. (2012). Student perceptions of a hands-on practicum to supplement an online eHealth course. J Med Internet Res, 14, e182.     http://www.jmir.org/2012/6/e182/

Abstract: BACKGROUND: Since 2000, the Centre for Online Health (COH) at The University of Queensland has offered a range of online eHealth courses at the undergraduate and postgraduate level. While online learning has a number of advantages, in some domains, it can present some challenges to the development of practical skills and experience. OBJECTIVE: To assess students' perceptions of the value of an eHealth practicum. METHODS: To supplement our online learning program, we introduced an eHealth practicum component that aimed to expose students to a range of clinically relevant learning experiences. Subsequently, by means of a questionnaire, student perceptions of the practicum were assessed. RESULTS: Over two semesters, a total of 66 students participated in the eHealth practicum, and questionnaire responses were very positive. The majority of students agreed that the practicum allowed them to gain necessary skills in eHealth applications (59%) and provided them with an opportunity to explore ways of using different eHealth tools for the delivery of health care at a distance (62%). CONCLUSIONS: The study shows that a practical component in eHealth teaching was well received by students. While online teaching is appropriate for providing knowledge, the opportunity to develop practical skills may encourage students to use eHealth techniques in their future practices.

Comentário: neste caso tentava-se transmitir aptidões (skills) de tipo prático a estudantes de medicina. Os resultados foram positivos pelo que podemos considerar que o elearning pode ser utilizado também nestes situações de treino prático.

 

7 - Stone, J. H. (2007). Communication between Physicians and Patients in the Era of E-Medicine. The New England Journal of Medicine, 356, 2451-2454.
DOI: 10.1056/NEJMp068198

Abstract: This year, my clinic began inviting patients to use a secure Internet link to communicate with physicians and staff members. Self-preservation was high on our list of reasons for establishing online communication. Our patients had become accustomed to contacting us through myriad routes: the clinic telephone, our individual office lines, the hospital paging system, our cell phones, the clinic fax machine, and in some cases, our home telephones. Secure Web messaging about routine issues was an attempt to direct round-the-clock communication into a manageable channel.
Even before we initiated such messaging within a broader model of e-medicine, many patients had begun to use standard e-mail to contact us. Our hospital administrators, however, did not permit us to respond. Standard e-mail was incompatible with our existing electronic health records (EHRs) system and would therefore have been difficult to archive. But the larger problem was that the use of standard e-mail to communicate with patients  was illegal - a violation of the Health Insurance Portability and Accountability Act. Patients' privacy could not be guaranteed because our replies would not be secure outside the university's firewall. Armed with strong motivation to enter the electronic age and full awareness of the need to protect ourselves and our patients from the hazards of e-medicine, we ventured forth  cautiously into the online world.
Despite the advantages of e-medicine, physicians, who face ever-increasing demands on their time, are hesitant to accept new responsibilities that might increase their workload. Thus, the issue of physician reimbursement is central both to e-medicine's full adoption by doctors and to its broader acceptance by society. If physicians are compensated fairly for the expertise, thought, and time required to respond to Web messages in a professional manner, they will build time into their schedules for this task.
As the number of providers who accept e-medicine reaches critical mass, more third-party payers (including Medicare) are likely to recognize its efficiencies and include reimbursement for it in contracts with providers. Given the ubiquity of the Internet in the rest of our lives - more than one third of all bill paying is now accomplished online - patients will begin to demand Web services from health care providers and payers.
The "laying on of hands" will increasingly include the pressing of keys. This emerging model will improve the practice of medicine but will also bring new challenges. Physicians will need to develop their skills for quick, clear, and compassionate communication with patients through the written word. E-medicine will also demand from physicians astute judgment about which patients need to be evaluated in person and sound intuition about when patients' emotional needs are better served face to face. In the end, e-medicine, like "traditional" medicine, will remain a human enterprise, filled with the potential for misinterpretation and insensitivity but also for facilitation, comfort, and kindness. It is our task to ensure that e-medicine - now inevitable in some form or many - improves the ways in which we deliver, receive, and pay for health care.
Comentários: este artigo, que é publicado na seção Perspectives do prestigiado The New England Journal of Medicine, reflete sobre a problemática muito complexa da relação médico-doente nas sociedades mais avançadas e da utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na prática da medicina clínica. As opções dos profissionais de saúde e dos doentes e os aspectos deontológicos, jurídicos e organizacionais são apenas alguns dos tópicos a serem resolvidos antes da generalização do correio eletronico clínico. Nesta fase torna-se crítico definir as melhores estrategias de pedagogia online para dar a necessária formação aos vários atores desta evolução irreversível.


 

Item #2 – Como Implementar o Professor Online
na área da Medicina 2.0

 

8 - JMIR Publications Inc. (2014). Medicine 2.0: Social Media, Mobile Apps, and Internet/Web 2.0 in Health, Medicine and Biomedical Research. 
http://www.medicine20congress.com/ocs/index.php/med/

Acedido a 20140323

Medicine 2.0 Europe Conference in Malaga, Spain on Oct 9th and 10th, 2014.


Medicine 2.0® is a registered trademark of JMIR Publications Inc., the leading academic ehealth publisher. 
Creative Commons License 
This work is licensed under a 
Creative Commons Attribution 3.0 License.

 

Comentário: As Ciências da Saúde e da Biomedicina constituem áreas de grande importância nas sociedades de hoje, quer do ponto de vista dos cuidados de saúde às populações quer como atividade económica com grande pujança, tendo-se definido o complexo medicina-indústria para caracterizar esse poderio no mundo atual. Naturalmente as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) invadiram o campo da saúde nas suas três vertentes: investigação científica, ensino e cuidados de saúde. Os desenvolvimentos que temos vindo a assistir na aplicação das TIC a estas três área tem sido exponencial pelo que já se realizam congresssos mundiais designados por: Medicine 2.0: Social Media, Mobile Apps, and Internet/Web 2.0 in Health, Medicine and Biomedical Research.  A próxima edição realiza-se em outubro de 2014 em Malaga, Espanha. Os organizadores desta reunião são:

Gunther Eysenbach, Centre for Global eHealth Innovation, University Health Network, Canada
Luis Fernandez Luque, NORUT and University of Tromso, Norway
Eddie Li, uoft, Canada
Carlos Luis Parra, Virgen del Rocío University Hospital, Spain

 

Os 33 tópicos que serão abordados neste congresso traduzem bem a complexidade do conhecimento do elearning aplicado à saúde/medicina:

  1. Blogs and Twitter in Health
  2. Building virtual communities and social networking applications for health professionals
  3. Building virtual communities and social networking applications for patients and consumers
  4. Business models in a Web 2.0 environment
  5. Science 2.0, collaborative biomedical research, academic / scholarly communication, publishing and peer review
  6. Consumer empowerment, patient-physician relationship, and sociotechnical issues
  7. Ethical & legal issues, confidentiality and privacy
  8. Health information on the web: Supply and Demand
  9. Innovative RSS/XML applications and Mashups
  10. Personal health records and Patient portals
  11. Public (e-)health, population health technologies, surveillance
  12. Digital Disease Detection and Biosurveillance using Twitter and other social media/mhealth/Internet sources
  13. Search, Collaborative Filtering and Recommender Technologies
  14. Semantic Web ("Web 3.0") applications
  15. The nature and dynamics of social networks in health
  16. Usability and human factors on the web
  17. Virtual (3D) environments, Second Life
  18. Web 2.0 approaches for behaviour change and public health
  19. Web 2.0 approaches for clinical practice, clinical research, quality monitoring
  20. Web2.0-based medical education and learning
  21. Wikis
  22. Business modelling in eHealth
  23. Communities in health care
  24. Digital Learning
  25. e-Coaching
  26. Health disparities
  27. Human-Computer Interface (HCI) Design
  28. Online decision technology
  29. Participatory health care
  30. Persuasive communication and technology
  31. mHealth Applications
  32. Ubiquitous, pervasive ehealth; domotics; Internet of things
  33. New and emerging Technologies

 

A operacionalização dos conhecimentos científico e empírico necessários para termos estas múltiplas áreas a funcionar vai passar por uma estratégia pedagógica apropriada que será aplicada nos várias contextos e comunidades onde poderão ser de grande utilidade.

Versão em PDF em:



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014


MPeL7 - Disciplina Educação da Sociedade em Rede

Tópico 5 - A virtualização das relações sociais

@tividade 4 - Autenticidade e Transparência na rede”.

Nota: Utilizaremos o formato Pergunta & Resposta (P&R) para desenvolver este tópico. O anexo complementa as ideais apresentadas

·          Professor António Teixeira: “O fenómeno dos Chinese Boys constituiu um tremendo sucesso internacional típico da rede social You Tube e que só o advento desta tornou possível (cerca de 15 milhões de visualizações em 8 anos)…”

Parte I - O fenómeno dos Chinese Boys

Pergunta (P) - Pela análise do registo, torna-se evidente a confusão entre distintos valores culturais e societais que caracteriza o mundo virtual da rede. Nesta comédia de enganos, quem é afinal quem?

Resposta ® –  Os Chinese Backstreet Boys são apenas mais um grupo de jovens que gostam de cantar e que atualmente podem divulgar as suas atuações usando a Rede, neste caso o YouTube. Este fenómeno não é recente. No filme português de 1938 realizado por Chianca de Garcia – A Aldeia da Roupa Branca – recentemente transmitido na RTP1, é visível a prática generalizada das personagens, nomeadamente as jovens, cantarem as canções mais populares da época copiando os cantores profissionais que também entram na trama desta comédia que retrata muito bem o Portugal atrasado e iletrado de há um século.
No YouTube é possivel visualizar todo o filme (com legendas) em
http://www.youtube.com/watch?v=qdZJbbBL1_8

Na década de 60 surge o fenómeno dos Beatles (e outros cantores) adorados pelos jovens e odiados pela maior parte dos seus pais. A televisão, que então se generalizava, foi uma das forma de transmitir e distribuir estes novos fenómenos sociológicos.

Segundo a Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Beatlemania): during the 6½ years between the appearance of the "I Want to Hold Your Hand" single on the Billboard Hot 100 and the Let It Be LP, The Beatles had the Number One single in the US for a total of 59 weeks and topped the LP charts for 116 weeks. O que teria acontecido se houvesse a Rede de hoje?

É também em 1965 que John Lennon (a principal figura dos Beatles) em entrevista ao Evening Standard afirmou: "Christianity will go. It will vanish and shrink ... We're more popular than Jesus now—I don't know which will go first, rock and roll or Christianity."[ (http://en.wikipedia.org/wiki/John_Lennon). Compreende-se a intensa reação negativa que houve nesta altura em resposta a esta afirmação. Aqui está um exemplo como a autenticidade então (e hoje) é tão relativa.

É também nesta década que surge no Japão o Karaoke (http://en.wikipedia.org/wiki/Karaoke) rapidamente divulgado  nos EUA e noutros países. Desde há anos tenho o hábito, nas férias de verão passadas no Algarve, de frequentar bares com karaoke, onde portugueses e estrangeiros acompanham as suas músicas preferidas (colocadas pelo DJ a pedido) com a sua voz que lê as legendas que vão surgindo no ecrã do televisor. Ou seja fingir faz parte da natureza humana. E quando se sabe que não somos o original não vem mal ao mundo. O problema coloca-se quando pretendemos assumir um papel, uma responsabilidade ou uma ação que é deliberadamente dirigida ao engano, muitas vezes para obter ganhos pessoais ou de grupo que não são legítimos nem eticamente aceitáveis.

P - Quem são estes rapazes? Será que importa sabê-lo? Não são eles precisamente para a rede apenas os «chinese boys» que a rede produziu?

R – Estes rapazes são jovens que pretendem ser conhecidos, como é tão natural terem esta aspiração. E são um produto da Web como há milhares ou milhões a surgirem em cada dia. A sua relevância depende de quem os acede. Uma conclusão é autêntica: ninguém os vai confundir com os cantores originais. São apenas imitadores

P - Qual é, então, a sua verdade?

R – Como são autênticos podemos considerar que são verdadeiros. Não constituem um problema de identificação. Infelizmente a Web está cheia de “personagens falsas”, avatares que muitas vezes provocam problemas graves, principalmente entre as crianças, os jovens e os adultos crédulos. O artigo publicado no Diário de Notícias de13 dezembro 2013 com o título Falsos “amigos” no Facebook”, de Paulo Pereira de Almeida, avança com uma proposta de regulamentação sempre perigosa quando se pensa nos princípios a defender na net (anexo página# 5). Curiosamente as burlas continuam a existir no mundo fora da rede como a notícia de 12 de janeiro deste ano bem documenta (anexo página#6). Este risco de sermos burlados fora da rede é muito significativo tendo em conta que dados recentes documentam que 33% dos portugueses nunca usaram a internet (anexo página #7). Estes apenas poderão ser enganados utilizando as tecnologias tradicionais em que o falar bem e escrever claro são requisitos essenciais à aplicação da prática da burla (como aquelas realizadas pela Dona Branca, banqueira do povo português ou o celebre Madoff da gigantesca burla do subprime norte-americano).

Parte II

P - Quem são e como são verdadeiramente esses outros que encontramos na rede? Que são eles por detrás das máscaras que constroem na rede?

R – Em regra não sabemos bem quem são aqueles que encontramos na rede (e até na rua ou no ambiente profissional). Por isso devemos ser cautelosos nomeadamente em relação ao que é afirmado ou solicitado. Tal como informa o filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas (nascido a 1929) na sua recente conferência na reunião sobre o Livro Digital (que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian a 28 outubro 2013) “… faço um uso bastante selectivo da internet, apenas para fins académicos. Não participo nas redes sociais…” (anexo página#8). Esta atitude, que é a minha atualmente (em vias de migrar para o componente válida destas redes), é uma boa defesa contra os “imitadores amorais ou imorais” que podem invadir a web.

P - Que somos nós próprios na rede?

R – Resposta delicada. Como no Carnaval podemos querer simular ou fingir uma personagem que não somos. Se mantivermos uma atuação profissional, norteada pelos valores e ética ocidentais, seremos nós próprios, sem nos envergonharmos. Se nos enganarmos ou levarmos outros ao engano, pediremos desculpa e assumiremos a responsabilidades dos nossos atos.

P - Somos ou poderemos ser transparentes?

R – Procurei nos dicionários o significado de Autenticidade e Transparência no contexto desta reflexão (anexo, página 2 e 3). A Transparencia significa : “Carácter do que deixa transparecer toda a realidade das coisas, do que exprime a verdade de um facto, acontecimento … sem o alterar”. Gostaria de realçar o conceito da transparência significar que nós não alteramos as coisas, os factos, os acontecimentos. Mas a sabedoria popular diz: “Quem conta um conto acrescenta um ponto”. Na web dos Chinese Backstreet Boys a regra é acrescentar algo, por vezes distorcer ou caluniar. É curioso que Terry Anderson dá uma definição de Transparência (quando fala em Open Access-OA) que é diferente: (anexo página# 4): “The ability to view and share thoughts, actions, resources, ideas and interests of others”. E dentro do espirito do OA podemos (devemos?) alterar aquilo que entendermos.

Mas mesmo numa esfera com códigos de conduta (como a área comercial e de marketing) as manipulações são bem conhecidas. Os anúncios sobre produtos com efeito medicinal que são difundidos na nossa televisão (produtos para a memória, para dormir, para a esfera sexual, vitaminas, etc.) são todos falsos, ou melhor, fazem afirmações que não são verdades ou que não estão documentadas como corretas. Como foi publicado, no Diário de Noticias de 5 de janeiro 2014, as próprias marcas influenciam os estudos científicos (anexo, página#9 ).

Outro exemplo da dificuldade em sermos autenticos e transparentes é o artigo, titulo de capa do semanário Visão (de Lisboa): “Viver Mais e Melhor - O Milagre da Vida “Hi-Tech”. Apesar da fonte poder ser considerada idónea (o semanário Le Nouvele Observateur de Paris) e das afirmações terem todas algum sustentáculo científico, a sua apresentação “simplista” cria expectativas inapropriadas. O aumento da longevidade da espécie humana deve-se mais aos avanços no saneamento basico e às vacinações do que à Medicina Hi-Tech que apenas irá beneficiar uma pequena percentagem da população e com custos operacionais muito elevados.

Numa área mais regulada, como é a da Medicina, podemos dar o exemplo da praxis da Direção Geral de Saúde quando pede a colaboração de peritos para darem pareceres ou participarem na preparação das Normas de Orientação Clínica (NOC) que regem atualmente a prática da medicina clínica. Cada uma destas individualidades deve preencher um documento onde declara por sua honra que não tem interesses em qualquer das seguintes situações (anexo, página#12 ):

1 –Assalariado(a) de qualquer tipo de empresa que se dedique ao fabrico, importação, ou comercialização de medicamentos, dispositivos ou suplementos alimentares nos últimos 5 anos;

2 – Interesses financeiros no capital de uma empresa farmacêutica ou clínica;

3 – Consultadoria esporádica ou permanente, ou atividade pericial, remunerada relacionada com a industria farmacêutica nos últimos 5 anos;

4 – Outros interesses  ligados ou com repercussão no domínio em causa, que considere deverem ser do conhecimento da DGS.

Este é um exemplo da transparência que se pretende introduzir na vida do século XXI.

P -São as imagens que de nós partilhamos autênticas? Que dizem de nós? Tudo? Nada?

R – As imagens retiradas do seu contexto podem ser enganadoras. Por outro a “ferramenta Photoshop” pode alterar cada imagem. Parafraseando Habermas (citado acima)não participo nas redes sociais” exceto nos exercícios que faço integrados neste mestrado. Para quem participa recomendo que exerçam o bom senso e tenham cuidado, incluindo quando ouvem e vêm os Chinese Backstreet Boys.

Parte III

P - Por outro lado, como poderemos assegurar a autenticidade da informação?

R – Este tópico é particularmente atual e de grande importância. Rheingold no seu livro Net Smart, de 2012, tem um capítulo apenas dedicado aquilo que designa por Crap Detection. Resumimos em seguida alguns dos seus conselhos:

  1. Verificar onde está publicado na net, quem são os autores da informação e onde trabalham;
  2. Confirmar o que dizem outros sobre os autores;
  3. Manter uma atitude permanente de ceticismo;
  4. Fazer como o detetive da policia perante um homicidio: os dados e as respetivas explicações são plausíveis?;
  5. Triangular as fontes ou seja procurar mais 2 (ou mais) locais independentes onde seja possivel confirmar (ou negar) a informação;
  6. Mesmo os locais e as publicações de excelente reputação nunca estão 100% corretos.

Eu acrescentaria uma citação de Brigham (1985) que utilizo há muitas décadas:

"I know that half of what I teach as fact", said a wise medical pedagogue "will be proven false in 10 years time. The hard part is that I don't know which half"

Os utilizadores de informação científica anteriores à revolução digital podem testemunhar que estas recomendações aplicam-se quer ao mundo digital quer ao mundo tradicional. O que é bom, já que se pode chegar à conclusão que as boas práticas, neste caso em assegurar a qualidade da informação transmitida, são consistentes, independentemente dos canais de acesso.

P - Pela sua transparência? 

R – A problemática da transparência está intimamente ligada à autenticidade.

P - Quem a valida ou autentica? Quem o poderá fazer? A própria comunidade, a própria rede?

R – Cada um de nós e todos na comunidade que partilham uma dada área do conhecimento humano, o que pode ser designado como “peer review”. Nesta área a pesquisa-organização-publicação do conhecimento beneficia imenso da nova era digital. A ponto de atualmente ser regra haver a possibilidade de escrever um comentário logo que uma informação é colocada ne rede. Tal não era possivel fazer com a estrutura tradicional da impressão apenas em papel.

P - Será pela transparência dos processos de partilha?

R – Neste caso a transparência da forma como a rede e as suas comunidades funcionam é um aspeto muito relevante.

P - Como e em quem na rede poderemos confiar?

R – Em todos e em ninguém (mesmo no self). Uma atitude de ceticismo permanente é muito positiva no mundo da ciência quer em rede quer no formato tradicional. A frase anterior (metade do que ensino é falso mas infelizmente não sei qual é a metade verdadeira) documenta bem o nosso grau de ignorância em relação ao conhecimento e a humildade que devemos praticar para continuar a perseguir o que é menos errado.

P - Como se poderá garantir a qualidade da informação e como se poderá garantir a idoneidade da utilização dessa informação?

R – É a pergunta cuja resposta vale um milhão de euros. Eu diria com persistência e internautas atentos.

Posso dar um exemplo de uma metodologia que tenta assegurar a autenticidade e a transparência da investigação científica que é publicada na web (Anexo página#13):

A 12 janeiro 2014 às 17 h 05 minutos recebi  uma mensagem de uma revista médica informando-me (como co-autor de uma artigo submetido):

This is automatic notification that a submission on which you are listed as an author has been received at the Editorial Office of Clinical Microbiology and Infection.

If you have any concerns about the submission or your role as a coauthor, please contact the Editorial Office immediately, quoting the assigned manuscript identification number.

 

Em conclusão podemos dizer que a Autenticidade e a Transparência nas relações humanas, quer interpessoais, quer lúdicas, quer ainda profissionais, mantém-se como sempre foram. Como afirma Hanna Arndt (2007) em 1951 a verdade é um bem absoluto que não é atingível. Temos de nos manter muito atentos (e desconfiados) e no pouco tempo que dispomos (apenas 24 horas por dia) evitarmos ser profundamente enganados.

 

Referências Bibliográficas

Arendt & Hanna (2007). A Promessa da Política. Lisboa: Relógio D'Água Editores.

Baudrillard, J. (1991). Simulacros e Simulação. Lisboa: Relógio D'Água.

Bortolotti, L. (2013). Introdução à Filosofia da Ciência. Lisboa: Gradiva.

Brigham, K.L. (1985) - On being wrong in Science (correspondence) , New Engl. J. Med. 312:794


Cardoso, G. & Colaboradores (2013). A Sociedade dos Ecrãs. Lisboa: Tinta da China.

Castells, M. (2007). A Sociedade em Rede. (3ª ed.) Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Deutsch, D. (2013). O Início do Infinito - Explicações que Transformam o Mundo. Lisboa: Gradiva.

Pena, R. & Colaboradores (2012). Como Ensenar Utilizando las Redes Sociales. Tarragona, Espana: Publicaciones Altaria.

Rheingold, H. (2012). Crap Detection 101: How to find what you need to know, and how to decide if it´s true. In H.Rheingold (Ed.), Net Smart. How to Thrive Online (pp. 77-109). Cambridge, Massachusetts: The MIT Press.

Schmidt, E. & Cohen, J. (2013). A Nova Era Digital - Reformulando o futuro das pessoas, das nações e da economia. Alfragide: Dom Quixote.